Tenho um amigo que tem um blog fantástico. Escreve todos os dias úteis, escreve acerca de política, bola, actualidade, cidadania, literatura, portugalidade, e eu admiro-o por conseguir acompanhar todos os acontecimentos com as suas reflexões. Há uns tempos atrás disse-me que não sabe quantas pessoas lêem o seu blog. Desactivou essa opção porque, diz ele, escreve por e para si. O seu blog é um escape, um entretimento, um desafio para si próprio.
Penso que acontece a toda gente... ao ouvir determinadas coisas, até afirmações simples como a dele, acabamos por entender melhor atitudes e opiniões nossas. Por exemplo, há uns anos atrás ouvi no Câmara Clara uma entrevista à Rosa Montero (de quem nunca li nenhuma obra, nem depois disto...) em que ela disse que quem lê vive mais. Nunca mais me esqueci disso, e foi graças a essa afirmação que entendi e agora consigo justificar o porquê de eu não gostar muito de literatura contemporânea recente. A TV, o cinema e a internet provêem-nos de realidade e ficção q.b. para não me interessar com o que já conheço e assisto no dia a dia, ou consigo facilmente imaginar. Por isso prefiro a escrita de outras épocas, realidades do passado recente das quais pouco ou nada sei, e assim sim, consigo realmente envolver-me com o que leio e enriquecer-me com novidade e mais vida que não conheci.
Tudo isto só para dizer que me revejo no que o meu amigo me disse. Apercebi-me de que, neste momento, também eu escrevo por e para mim, e acho que se nota...
Revejo-me também nas palavras de Henry Miller, apaixonado pela paixão, para quem uma das coisas mais difíceis de admitirmos e entendermos é que sozinhos não controlamos nada. Que não existem atalhos para o que queremos e que o mais difícil dos caminhos é, no fim das contas, o mais fácil de todos. Que devemos saber esquecermos-nos de nós próprios.
Mas, de momento, não sei me dar sem que assim pareça...
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