domingo, 6 de maio de 2012

A "nódoa" escarlate...


Há quem sonhe em ir às Caraíbas, ou às nossas antípodas geográficas, ou à Patagónia ver os homens de pés grandes, ou até ir ao espaço como turista à moda do "Ulisses 31"... Eu quero é um dia ir a Espanha, isso mesmo, à festa da Tomatina em Buñol. Penso nisso todos os anos ao ver as imagens nos telejornais e fico com muita pena de nunca ter ido embora saiba que nunca lá irei... Para quem nunca viu nem ouviu falar, trata-se de um festival de arremesso de tomates maduros, aos milhares... É como um encerro, só que em vez dos touros há camiões carregados de tomates que ao passarem munem a multidão dessas armas suculentas para que todos apontem, atirem e acertem em quem quer que seja, de preferência em toda a gente. A tradição é espanhola mas bem que lhes poderíamos emprestar o nosso " Aí vai molho!" a modos de grito de guerra. É que a praça principal de Buñol, com os prédios completamente revestidos de plásticos de protecção, torna-se uma piscina de polpa de tomate onde se debatem os guerreiros "so-so" pacíficos... Mas atenção, existe uma regra: esmagar os tomates antes de arremessá-los para não magoar (tanto). Claro que é necessário um tanto de atrevimento e outro tanto de alegria para encarar os golpes, sobretudo os não regulamentares, mas acredito que no meio de tanta gente haja quem mereça levar com a tomatada multidireccional e incessante, mas também quem só apanhe e não consiga acertar em ninguém... gente que apesar de ter tanto tomate à mão não os consegue encontrar no sítio... gente que encolhe as suas vontades e as disfarçam até do contrário porque se preocupam mais com que os outros pensam do que com aquilo que querem, gente sem garra... Gente que não se dá conta de que os momentos passam e são únicos com tudo e todos quanto comportam em si, que existem segundas e até mais oportunidades na vida mas que nenhuma delas se repete com as mesmas condições, que o tempo não volta atrás, que só temos esta hipótese para errar e tentar acertar. A tentativa não pode ficar para uma próxima, porque não há uma próxima. Esta é a nossa vez.
Alguns sabem da sua fraqueza em inverter a tendência de que sofrem para não intercederem, a seu próprio favor, e virarem o jogo, e mostrarem a garra que têm, mais pequena ou maior do que pensam, e apostarem a vida que corre no que querem...
Mas há quem não saiba, e também quem mesmo sabendo nunca irá fazer nada por si. Infelizmente, isso não impede ninguém de continuar a acreditar neles e de investir e insistir na sua conversão... à toa? No lo sé... 
Não seria má ideia irmos marcando essas pessoas à medida que as conhecemos e que nos marcam, só para evitarmos a outros de eventualmente também perderem o seu tempo. Marcá-las com um tomate escarrapachado, uma Tomatina individual apontada a quem tem falta de... firmeza... Poderia ser um último e certeiro incentivo à mudança, quem sabe?



"La vie se rétracte ou se dilate à proportion de notre courage." ( Anaïs Nin
"True life is lived when tiny changes occur." ( Leon Tosltoï )



1 comentário:

Paula Oliveira (Xana) disse...

muito bem dito, assenta que nem uma luva a algumas pessoas que andam à solta por aí algures. o que digo é que é triste não fazer aquilo que queremos ou gostamos só porque a opinião pública é mais importante, vivem em função de vontades alheias à sua. o problema é que quando amadurecem olham para si próprios e vão arrepender-se do que não fizeram ou viveram para manter as aparências e de que valeu? resultado pessoas frustradas e vazias, com vontade de viver o que não viveram, mas já nada pode ser como poderia ter sido, os locais mudam, as pessoas pessoas mudam, enfim outros rumos são tomados, porque a vida continua. amigos há oportunidades únicas, não voltam, salvo raras excepções, mesmo assim nunca é igual...