"O incomodado que se mude." É um dos provérbios portugueses (não conheço nenhuma versão noutra língua) mais avessos aos nossos brandos e bons costumes, e falta completamente para com a justiça per se e mais ainda para com os incomodados que estão bem onde e como estão e que não se conformam em estar de outra forma qualquer que não seja a que escolheram em primeiro lugar. Mas, felizmente, este incomodado da sua época (o da foto), mudou de vida, zarpou em busca de uma resposta para o seu incómodo e trouxe como souvenir do equador a chave do mistério da evolução: a revolução da força do mais apto sobre a força do mais forte.
Fenótipos e genótipos à parte e voltando ao provérbio, com o qual nunca atirei a ninguém, não gosto dessas expressões do género "eheh, vai buscar...", "embrulha lá isso...", "toma!", apesar de não gostar dele tenho que admitir que contém mais verdade do que eu admitiria à primeira, e confere ao incomodado mais atitude do que humilhação se este se vergar à mudança que lhe é proposta, ou que se auto-propõe. Pois se algo nos incomoda ou desagrada e não nos conseguimos adaptar a esse facto, o melhor realmente é procurarmos outra coisa que nos satisfaça mais e melhor. Podemos também aproveitar a boleia e treinarmos o acreditar em que tudo, mais cedo ou mais tarde, com ou sem factor de incómodo pelo meio, tudo nos deixará de satisfazer ou agradar tanto, e por isso o melhor é habituarmo-nos a procurar o que for melhor para nós, sempre, embora o que seja melhor para nós não seja sempre (quase nunca) o que de melhor há... Temos que escolher o melhor que está à nossa altura, na altura em que o procurarmos. Nada de nos esticarmos desesperadamente ao estilo lamarckista das girafas e dos primatas de braços mais compridos do que as pernas. Quem quiser bolota, que a trepe...
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